segunda-feira, 29 de junho de 2020

Carta para Carolina de Jesus

Rio de Janeiro, 21 de abril  de 2020
Carolina Maria de Jesus, compartilho com você o "fragmento do dia- dia de uma favela".

" Dia 18 de abril de 2019, hoje acordei com o sol batendo na janela,  tudo se encaminha para um dia calmo e ensolarado,  mas quando se trata de morar na favela,  uma paz pela manhã, nem sempre caminha para a tranquilidade.
Porque ao invés de acordar com o sol batendo na janela, acordamos com uma angústia,   uma aflição,  uma inquietação dentro do peito, tudo isso se da pelos estrondos da máquina barulhentas que sobrevoa as nossas casas, estremessendo as paredes de concreto, algumas  são capazes de fazer mais do que estrondos, caçam humanos,  como se fossem bichos selvagens...Eu não acordo as crianças para escola, eu não tomo meu café tranquilo e também não consigo imaginar o sol batendo na janela do meu quarto..."
Carolina, quando li pela 1vez  sua obra " Quarto de despejo- o diário de uma favelada", confesso que não contive as lágrimas,  suas escrevivencias sobre suas dores, dificuldade,  sonhos, esperança, solidão, choros e revolta me amargaram a boca e percorreram nas minhas veias me corroendo.
Milhares de pensamentos invadiram minha cachola, 1960 você já denunciava a realidade de uma "herança de um país escravocrata " de uma desigualdade alarmante que não desintegrou e hoje em pleno ano de 2020 a fome e a desigualdade açolam sem piedade os mais empobrecidos e vulneráveis.
Atualmente busco nos seus escritos, no seu legado de mulher negra, escritora, a força os meu achados,  achados esses que me permitem lutar pelos direitos " básico e digno dos seres humanos "um trabalho de resistência  de desconstrução dos silenciamentos e ocultamentos dos nossos irmaos que foram de forma perversa apagados das historias.
Hoje realizo um trabalho Litérario de incentivo à leitura, trazendo para os pequenos e jovens referências de escritores, heróis, dançarinos, atores e cientistas negros, que fizeram e fazem parte da construção  histórica dessa sociedade.
Deixo aqui, um abraço bem apertado e um beijo estalado e uma imensa GRATIDÃO!

Estamos na LUTA, Ellen

sexta-feira, 19 de junho de 2020

As palavras Mal ditas

As palavras mal ditas são como farpas,
Elas atravessam o corpo, percorrem lentamente na carne, causando feridas e muito incômodos , Essas pequeninas farpinhas são tinhosas, elas adentram em lugares sagrados, causando fendas desastrosas capazes de desbotar sentimentos que ali,
 Eram cultivados  alimentados e fortalecidos...Quando não se cuida do que se Fala, as palavras Mal ditas imergem no solo como veneno danosos ressecando, murchando  e apodrecimento   das flores, folhas...
Farpei a alma do amor,o gosto de fel espalhou -se pela boca envenenado os sentimentos...
Ellen Grace